sábado, 5 de fevereiro de 2011



CRISE FAMILIAR: O QUE FAZER? COMO SUPERAR?

Deus nos criou para vivermos em família. Ele mesmo é uma Família, Três Pessoas distintas em uma única natureza, e quis que de certa forma isso se reproduzisse na terra, em cada lar.

Quando o catecismo fala da Família, começa dizendo que:

“A família cristã é uma comunhão de pessoas, vestígio e imagem da Comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Sua atividade procriadora e educadora é o reflexo da obra criadora do Pai.” (nº2205)

A família é assim, por vontade de Deus, “imagem” da Santíssima Trindade; por isso ela é sagrada, e meio especial de nossa santificação.

Jesus ao vir ao mundo, não precisava necessariamente viver em uma família, mas Ele assim o quis, para deixar-nos o seu exemplo e ensinamento sobre a nobreza e a santidade da família. Quis ter uma mãe e um pai (adotivo) e foi obediente e submisso a eles durante 30 anos de sua vida, só saindo dela para a sua missão pública e redentora da humanidade.

A Família de Nazaré nos dá uma lição de vida familiar.

Cristo nascendo e vivendo numa família, redimiu e santificou todas as famílias.

Hoje há muita tentação contra os valores sagrados da família: indissolubilidade do matrimônio, fidelidade conjugal, defesa da vida...

Quem defende, o aborto, a eutanásia, o divórcio, casamentos de homossexuais, úteros de aluguel, experiências com embriões, concepção “in vitro”... está lutando contra Deus e contra a instituição sagrada da família.

Vivendo na família de Nazaré, Jesus nos ensinou a importância da submissão e obediência dos filhos aos pais. Ele, mesmo sendo Deus, se fez obediente àqueles que Ele mesmo criou e escolheu para seus pais. Cumpriu o quarto mandamento que manda “honrar” os pais. Mais do que ninguém obedeceu a Palavra de Deus que diz:

Quem honra sua mãe é semelhante àquele que acumula um tesouro”

“Quem teme o Senhor honra o pai e a mãe”.(Eclo3)

Por ser a família, a própria imagem da Trindade na terra, o Concílio Vaticano II a denominou de Igreja Doméstica, e o Papa João Paulo II a chamou de “SANTUÁRIO DA VIDA”. É ali que a vida é gerada, cuidada, amada e engrandecida. É no seio da família que o ser humano é construído. A família é a grande escola da vida, é o educandário do amor, da fé, da justiça, da paz e da santidade.

Hoje por ser a família tão ofendida pelas pragas da imoralidade, a nossa sociedade paga um alto preço social: jovens delinqüentes, crianças abandonadas, pais separados, homens e mulheres frustrados, tanta violência, tanto crime, tanta morte...

Essas crianças e jovens desorientados, que vivem pelas ruas, perdendo-se nas drogas, arrastando outros consigo, provocando dor e sofrimento em outras famílias, partem para o crime, violência, homossexualidade, bebedeiras, etc...o que eles buscam na verdade é um pouco de calor humano, afeto, que deveriam ter recebido em suas famílias e não receberam.

O triste espetáculo de crianças e jovens drogados com a vida sem sentido nada mais é do que o fruto da destruição familiar, causado por um mundo sem Deus, sem moral, sem religião.

O filho que foi amado e querido por seus pais, até o fim da adolescência, jamais será um desequilibrado ou perigoso para a sociedade.

“ É no seio da família que os pais são para os filhos, pela palavra e pelo exemplo... os primeiros mestres da fé” ensina a Igreja no documento LG,11

“É na família que se exerce de modo privilegiado o sacerdócio batismal do pai de família, da mãe, dos filhos, de todos os membros da família, na recepção dos sacramentos, na oração e na ação de graças, no testemunho de uma vida santa, na abnegação e na caridade ativa. O lar é assim a primeira escola de vida cristã e uma escola de enriquecimento humano. É aí que se aprende a fadiga e a alegria do trabalho, o amor fraterno, o perdão generoso e mesmo reiterado, e sobretudo o culto divino pela oração e oferenda de sua vida.”(CIC Nº1657)

Essas palavras do catecismo mostram que o lar é a escola das virtudes humanas; logo, lugar de santificação.

Para os pais, a vida conjugal é uma oportunidade riquíssima de santificação, na medida em que, a todo instante, precisam lutar contra o próprio egoísmo, soberba, orgulho, desejo de dominação, etc... para se tornar, com outro, aquilo que é o sentido do matrimônio:”uma só carne”, uma só vida, sem divisões, mentiras, fingimentos, tapeações, birras, azedumes, mau-humor, reclamações, lamúrias,...

A luta diária e constante para ser exemplo aos filhos, manter a fidelidade ao outro, para vencer-se a si mesmo, a fim de construir um lar maduro e santo, faz com que caminhemos para a nossa santificação.

O amor do casal é o sinal e o símbolo do amor de Deus à humanidade, e amor de Cristo á Igreja. (cf. Ef 5,21s) Ao se por a caminho para conquistar “esse amor” o casal se santifica.

O conhecimento profundo do mistério do outro, a luta para aceitá-lo e entendê-lo, para ajudá-lo a crescer, a paciência, o perdão dado, as renúncias de cada dia, a atenção com o outro para vencer a frieza e a monotonia, o cuidado do lar, da roupa, da comida, do estudo dos filhos, etc... Tudo isso concorre para que os pais se santifiquem mutuamente. Deus quis assim, e fez do casamento uma escola de santidade. O casal que quiser atingir a perfeição matrimonial, como é o desígnio de Deus, naturalmente chegará à santidade.

A casa é para o casal e os filhos, o que o mosteiro é para os monges.

A luta que travamos conosco mesmo para aceitar e suportar os defeitos do outro, a cada dia, com paciência e compreensão, faz-nos santos.

As cruzes do lar, o desemprego, as doenças, as dúvidas, os vícios do conjugue, a dificuldade com os parentes, a preocupação com os problemas dos filhos, etc... Tudo isso, torna-se no casamento como que “o fogo” que queima as ervas daninhas de nossa alma e nos encaminha para a perfeição.

É preciso saber aproveitar toda e qualquer dificuldade do lar para fazer dela um degrau de crescimento na fé e amor a Deus, pois “tudo concorre para o bem dos que amam a Deus.” (Rom. 8,28)

Por outro lado, a enorme tarefa que Deus confia aos pais, na geração e educação dos filhos, o exercício dessa missão sagrada coopera para a santificação deles. Diz –nos a Igreja:

O papel dos pais na educação dos filhos é tão importante que é quase impossível substituí-los. O direito e o dever de educação são primordiais e inalienáveis para os pais.”

Para cumprir com responsabilidade essa sagrada missão, os pais devem criar um lar tranqüilo para os filhos, onde se cultive a ternura, o perdão, o respeito, a fidelidade e o serviço desinteressado, aí deve ser cultivado a abnegação, o reto juízo, o domínio de si, para que haja verdadeira liberdade.

Diz o livro do Eclesiástico:

“Aquele que ama seu filho, corrige-o com freqüência; aquele que educa seu filho terá motivo de satisfação”

São Paulo diz ainda:

“E vós, pais, não deis aos vossos filhos motivos de revolta, mas criai-os na disciplina e na correção do senhor” (Ef.6,4) É bom lembrar aos pais que saber reconhecer diante dos filhos, os próprios defeitos, não é humilhação e sim coerência, e isto facilita guia-los e corrigi-los. (CIC 2223)

Todo o capítulo 3 do Eclesiástico mostra a importância dos pais na vida dos filhos. A observância destas normas santificará os filhos e lhes dará as bênçãos de Deus. Essa benção é dada através dos pais:

Honra teu pai por teus atos, tuas palavras, tua paciência, a fim de que ele te dê a sua benção, e que esta permaneça em ti até o último dia de tua vida.”

“A benção paterna fortalece a casa dos filhos; a maldição de uma mãe a arrasa até os alicerces.” (9,11)

Um filho abençoado pelos pais é um filho abençoado pelo próprio Deus, porque “a paternidade humana tem a sua fonte na paternidade divina”. (CIC nº 2214)

Infelizmente os filhos já não pedem a benção para os seus pais hoje, porque não lhes foi ensinado a importância desta benção. É preciso resgatar esse costume santo, que torna a vida dos filhos mais santa.

Vemos assim que Deus estabeleceu a família como meio privilegiado para a nossa salvação e santificação, tanto dos pais quanto dos filhos.

As provações da vida familiar são riquíssimas para a santificação de toda a família..As doenças, as lágrimas, os revezes, enfim as cruzes não vem por acaso. Só os pagãos crêem no acaso e no destino. O cristão acredita que tudo vem de Deus. Muitas vezes Ele fere o corpo para salvar a alma. Quanta gente piedosa e devota, na hora do “sofrimento purificador” se comporta como um pagão! “È o destino.... é a fatalidade....

Saber aproveitar as lições dos sofrimentos diários e acolhe-los com fé, é receber uma multidão de graças do Céu. São Francisco de Assis acolhia a doença com gratidão: “Senhor, os sofrimentos que me enviais são aos meus olhos, incomparáveis tesouros. Agradeço a Vossa Misericórdia Infinita, que me castiga neste mundo para me poupar para a eternidade”.

Os espinhos do lar são as pequenas cruzes com as quais o Senhor nos santifica.

Os santos afirmavam que as provações mais difíceis de suportar são aquelas que nos vem através dos bons, das pessoas que mais amamos, as vezes são nossos pais, irmãos, esposa, filhos, ou bons amigos.

Todo casal possui no sacramento do matrimônio uma fonte inexaurível de fortaleza, paz, criatividade, perdão... pois ao casar-se na Igreja, recebem a benção de Deus, unem-se com Cristo. Entretanto, deve-se recorrer a essa fonte, que é Jesus, todos os dias, por meio da oração em família, de ler e ouvir a Palavra de Deus, da Eucaristia dominical, não descuidar-se da confissão sacramental como manda a Santa Igreja... Mas se ao contrário agimos, abandonando a rocha fundamental que é Jesus Cristo, a graça não frutifica, porque não damos nossa resposta positiva a Deus.

Podemos estar absolutamente certos de que não haverá provação que nos afaste do amor se apelarmos para a força do sacramento, que é a presença de Cristo em nosso meio.